O guarda-redes senegalês Cheikh Sarr, do Rayo Majadahonda, da terceira divisão do futebol espanhol, foi punido esta quarta-feira (3) com dois jogos de suspensão, após ter sido expulso, por deixar o relvado e saltar para a bancada para confrontar um adepto que terá proferido insultos racistas. O guarda-redes senegalês de 23 anos incorria num castigo que podia ir de quatro a 22 jogos.
Sarr viu o cartão vermelho no jogo contra o Sestao River, que foi suspenso aos 42 minutos do segundo tempo após o incidente. O Rayo Majadahonda foi solidário com o seu guarda-redes e deixou o relvado, em protesto.
O árbitro do jogo, Francisco García Riesco, escreveu no seu relatório que o guarda-redes queixou-se de insultos racistas vindos das bancadas. O adepto confrontado por Cheikh Sarr tê-lo-ia chamado de “macaco de merda” e “negro de merda”. No entanto o árbitro escreveu que não ouviu nenhum desses insultos.
Francisco García Riesco escreveu no seu relatório que expulsou o guarda-redes do Rayo Majadahonda por este ter saltado para as bancadas onde agarrou um adepto pelos colarinhos. Depois aproximou-se da equipa de arbitragem com intenção de agredir. O jogador negou estas acusações do árbitro numa entrevista ao ‘El Mundo’, garantindo que apenas queria explicações da equipa de arbitragem para a expulsão.
O Juiz Único de Competição da Federação Espanhola de Futebol admitiu na sua resolução publicada esta quarta-feira que Sarr foi “ofendido gravemente”, mas considerou que o guarda-redes deveria ter usado os canais de denúncia para alertar sobre os insultos.
“Damos credibilidade ao fato de que os insultos racistas começaram no minuto 50 do jogo e, portanto, deveriam ter sido levados ao conhecimento do árbitro” para que fosse iniciado o protocolo contra o racismo, considerou o Juiz Único.
“A defesa dos seus interesses deve ser realizada pelo jogador ofendido através dos canais legais já descritos. Logo, a sua atuação, ao saltar para a bancada e agindo com certa violência – embora não conste que tenha chegado ao insulto ou à agressão – é plenamente reprovável. A atuação revoltada continuou quando o árbitro lhe mostrou o cartão vermelho, o que nos obriga a considerá-lo como autor de infração leve de conduta contrária à ordem desportiva”, acrescenta a resolução.
A resolução também impõe uma punição ao Sestao River, que terá que jogar os seus próximos dois jogos no seu estádio, onde aconteceu o incidente, à porta fechada.
Além disso, o Juiz decidiu que o resultado da partida é a derrota por 3-0 do Rayo Majadahonda, que também teve três pontos retirados da tabela.
Sarr afirmou em conferência de imprensa na terça-feira que o que sofreu “foi algo horrível, algo que não poderia aguentar, uma tristeza, algo muito feio”, mas admitiu que não reagirá da mesma forma caso passe novamente pela mesma situação: “Vou saber como me comportar”.