Conselho de Arbitragem critica VAR por chamar árbitro para reverter penálti sobre Francisco Conceição no Estoril-FC Porto

O Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol divulgou esta segunda-feira, no programa ‘Juízo Final’ da Sport TV, algumas comunicações áudio do VAR nos jogos da Primeira Liga Portugal de futebol, à semelhança do que tem vindo a fazer.

Um dos lances analisados foi a grande penalidade revertida no Estoril 1-0 FC Porto, num lance entre Mangala e Francisco Conceição. O Conselho de Arbitragem entende que o VAR não devia ter chamado o árbitro porque o lance não é claro.

Eis os lances analisados e as decisões tomadas

SC Braga-Estrela da Amadora, 24.ª jornada: Possível penálti sobre Gaspar

VAR – Daqui VAR, peço que venhas à zona de revisão para um possível penálti.

Árbitro – Ok.

VAR – Quando chegares avisa. Estás a ver a bola a bater na mão?

Árbitro – Ok, mas eu marco a falta do Gaspar, certo?

Árbitro – Mostra-me lá… muda de câmara. Há ali um empurrão…

VAR – Percebes? Para nós não há empurrão nenhum.

Árbitro – Muda lá outra vez. Esta já vi.

VAR – Não temos muito mais. Temos atrás da baliza por exemplo.

VAR – Tem as duas mãos no ar, Malheiro. Tu é que sabes. Para mim é penálti.

Árbitro – Vou manter a minha decisão. A primeira falta é do Gaspar.

VAR – Ok…

Explicações de João Ferreira, vice-presidente do Conselho de Arbitragem da FPF

“Aqui, sim. O som do apito é importante. Aqui, quando o árbitro apita já tinha acontecido uma segunda infração. Para o VAR não há infração, mas o que existe é a bola levantada. O VAR, por bem, chamou o árbitro porque entendeu que havia penálti. O árbitro manteve a sua decisão, mas na nossa opinião devia ter mudado.”

SC Braga-Estrela, 24.ª jornada: Penálti assinalado mas… VAR pensa o contrário

VAR – Daqui VAR, peço-te que venhas à zona de revisão.

Árbitro – Bruno, o que se passa?

VAR – O Banza recebe a bola, aqui, ele depois joga-se ali, joga as pernas, braços para o ar… É um toque muito ligeiro para isto… os braços no ar, os joelhos vão para o chão… Para mim, é simulação.

Árbitro – Dás-me logo o ponto de contacto.

VAR – Muito ligeiro.

Árbitro – Aqui o atacante não está em queda sequer.

VAR – A decisão é tua, Malheiro.

Árbitro – Um bocadinho para trás. Quem toca aqui na bola é o atacante. Aqui há um contacto. Depois, é um contacto

VAR – Muito ligeiro… A decisão vai ser sempre tua.

Árbitro – Vai ser penálti.

VAR – Ok…

Explicações de João Ferreira, vice-presidente do Conselho de Arbitragem da FPF:

“Antes de começar por aí, deixe-me voltar atrás. Estamos a falar do mesmo jogo, em que o árbitro não validou a opinião do VAR e manteve a sua decisão. É um processo independente. No último programa tivemos um lance com algumas semelhanças a este. Na verdade, há um contacto. O avançado deixa-se cair. Já não se fala de uma questão de intensidade. Nós não queremos este tipo de lances, não abona a qualidade do futebol. O VAR fez muito bem ao chamar o árbitro para reverter a decisão. Não consideramos isto uma rasteira.”

Rio Ave-SC Braga, 25.ª jornada: Golaço de Banza anulado por fora de jogo

VAR – Fábio, daqui VAR, recomendo-te que venhas à zona de revisão para analisar um fora de jogo por interferência.

Árbitro – Onde?

VAR – Na fase de ataque. Vou mostrar-te a jogada.

Árbitro – Bora.

VAR – O jogador está fora de jogo interfere aqui com o…

Árbitro – Com o Aderllan, já vi.

VAR – Ele impede o Aderllan de disputar a bola…

Árbitro – Há contacto físico.

Explicações de João Ferreira, vice-presidente do Conselho de Arbitragem da FPF:

“O VAR detetou este posicionamento de fora de jogo, mas requer aqui interpretação. Se aquele jogador joga a bola não é uma questão de interpretação, mas aqui não. Temos de explicar o quê que é o impacto. A lei fala até em claro impacto. Eu, enquanto jogador, tenho de fazer uma ação que impeça o adversário de jogar a bola. Não há um claro impacto que justifique. Chamar e haver uma intervenção… não concordamos com esta intervenção e achamos que não devia ter acontecido.”

Benfica-Estoril, 25.ª jornada: Possível penálti de Mangala sobre Marcos Leonardo por assinalar?

VAR – Manuel, daqui VAR, peço-te que venhas à zona de revisão para analisar um possível penálti.

Árbitro – Um possível penálti? Diz lá, Luís.

VAR – O jogador do Estoril a tentar defender a bola acerta no avançado de sola.

Árbitro – Mais devagar, Luís. Mais devagar. Ele chuta, mas é ele que lhe dá. Isto para mim não é penálti. Até é ele que vira a chuteira.

VAR – Tu é que sabes, Manuel. Ele vai de pé feito.

Árbitro – Para mim, tudo normal. Mete mais um bocadinho para trás. O Mangala, é o 22, não é? Para mim isto é um choque normal.

Explicações de João Ferreira, vice-presidente do Conselho de Arbitragem da FPF:

“Este foi o primeiro jogo neste Estádio que tivemos um anúncio público. Para que haja uma explicação pública, tem de dizer quem está envolvido na jogada. O jogador do Estoril vai de pé em riste, não joga a bola. O VAR chamou bem para um possível penálti. Foi anunciado que se manteve a decisão inicial. Na nossa opinião, a decisão final foi errada. O jogador atinge e é negligente. Ficou por marcar um penálti e um cartão amarelo ao jogador do Estoril.”

Benfica-Chaves, 27.ª jornada: Penálti de Júnior sobre Bah?

VAR – Hélder, recomendo revisão para pontapé de penálti.

Árbitro – Não percebi, Luís.

VAR – Recomendo revisão para pontapé de penálti.

Árbitro – Ora diz lá, Luís.

VAR – O jogador número 40, com o cotovelo, atinge o adversário. Vê lá.

Árbitro – Ele toca com o braço, mas o facto de o defesa jogar a bola de cabeça. Quem salta para cima de quem?

VAR – Há concurso de movimentos.

Árbitro – Vamos marcar penálti. Qual é o número do jogador?

VAR – 40.

Árbitro – Ok. Negligente.

Explicações de João Ferreira, vice-presidente do Conselho de Arbitragem da FPF:

“É uma ação ilegal. O próprio árbitro diz que viu isso. Mas na dúvida não marca penálti. Mas ao ser confrontado com estas imagens, em que se vê que o defensor atinge o atacante. Muito bem a revisão, muito bem o árbitro e muito bem na escolha as câmaras. O árbitro muito bem ao mostrar o cartão amarelo ao defensor. A decisão final foi correta.”

Portimonense-SC Braga, 27.ª jornada: Pisão que vale penálti?

VAR – Cláudio, aconselho que venhas à zona de revisão para checkar um penálti. Peço-te só para ver a fase de ataque.

Árbitro – Ok, ok.

VAR – Cláudio, vou-te mostrar a imagem parada.

Árbitro – Dá-lhe. Já vi que ele o pisa. Sim, ele é o número 5.

VAR – Sim, deixa-me só mostrar-te agora por trás.

Árbitro – Sim, sim, sim.

VAR – Queres ver em velocidade de corrida?

Árbitro – Não, não é preciso. Diz-me só uma coisa: sem cartão, não é?

VAR – Para mim, sem cartão.

Explicações de João Ferreira, vice-presidente do Conselho de Arbitragem da FPF:

“VAR conseguiu provar o que queria provar, o pisão. Não é o defensor que provoca aquilo, mas o atacante do Portimonense é que coloca o pé à frente do seu adversário. A opinião do CA é que este não é um lance claro e óbvio e gostaríamos de não ter visto aqui uma intervenção do VAR.”

Portimonense-SC Braga, 27.ª jornada: Mão que pode valer penálti

VAR – Cláudio, consegues ir à zona de revisão para checkar um possível penálti?

Árbitro – Ok.

VAR – Vou-te ampliar a imagem para ver se consegues perceber.

Árbitro – Ok.

VAR – O momento é este. O braço está levantado e bate-lhe ali no cotovelo.

Árbitro – Sim.

VAR – Ok. As outras câmaras não dá para ver. Posso tentar correr aqui, mas não consegues perceber. A única onde consegues ver a amplitude e o toque é aqui.

Árbitro – Ele é o 22, certo?

VAR – É o 22.

Árbitro – Vou marcar penálti.

Explicações de João Ferreira, vice-presidente do Conselho de Arbitragem da FPF:

“Foi uma boa escolha de imagens. É um lance difícil. A única pessoa que percebe aquilo é o próprio atacante. Mas depois os factos são claros. O defensor, na tentativa de evitar que a bola passasse, colocou o braço numa posição não natural. Bem o VAR e também o Cláudio, a assinalar bem o penálti.”

Estoril-FC Porto, 27-ª jornada: Penálti sobre Francisco Conceição?

VAR – António?

Árbitro – Sim.

VAR – Daqui VAR, sugiro que venhas à zona de revisão para o cancelamento do penálti. Anda para trás. O defesa vai sempre na mesma direção. E o atacante vai e choca com ele. O defesa não faz nada para derrubar o atacante.

Árbitro – Então o gajo não o derruba, Tiago? Olha aqui nas costas.

VAR – António, a decisão é tua.

Árbitro – Sim, sim. Tens outro ângulo? Vamos ver outro ângulo. Outra vez. Isso.

VAR – Se reparares nas pernas, até é o atacante que choca…

Árbitro – A perna esquerda…

VAR – O atacante é que toca..

Árbitro – Ok, ok.

VAR – E não há braço. Não há nenhum agarrão.

Árbitro – Esta é boa. Não há infração, nem simulação. Vai ser bola ao solo.

VAR – Vou mostrar-te outra vez os curtos para tu veres como é o atacante que choca.

Árbitro – Certo, o 22 não comete infração.

Explicações de João Ferreira, vice-presidente do Conselho de Arbitragem da FPF:

“O lance é complexo. O VAR é para erros claros e óbvios. Este não nos parece um erro claro e óbvio. Achamos que a intervenção do VAR foi excessiva. A junção dos dois contactos suporta uma decisão tomada em campo. O VAR deveria ter visto isto nesta perspetiva. A melhor decisão seria não marcar penálti. Mas a partir do momento em que assinala penálti, tem de haver elementos que suportem essa decisão. Factos são muito ténues para haver uma intervenção do VAR.”

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