Rúben Amorim: “Tudo o que vivi aqui, tenho a certeza de que não vou viver em mais clube nenhum”

O Famalicão-Sporting vai finalmente realizar-se, depois de ter sido suspenso na sequência dos protestos dos polícias, que inviabilizaram a realização do encontro da 20.ª jornada.

Com mais 4 pontos que o Benfica, segundo classificado, os leões regressam ao Minho depois da vitória em Barcelos com a possibilidade de, em caso de triunfo, alegar para sete a distância pontual para o eterno rival.

Numa conferência muito reflexiva em torno de Rúben Amorim, o técnico do Sporting voltou a não querer falar do futuro, mas deixou escapar uma frase em jeito de balanço: “Tudo o que vivi, aqui, tenho a certeza de que não vou viver em mais clube nenhum”, referindo-se às oportunidades que teve e à forma como foi, e é, apoiado por Hugo Viana e pela administração do Sporting. Sobre o jogo com o Famalicão, reconhece a sua importância mas nega que um triunfo represente o xeque-mate no título. Matheus Reis continua lesionado e está fora do encontro.

Espreite tudo o que disse Rúben Amorim. 

Rui Duarte, treinador do Sporting de Braga, perdeu o filho

“Queria, em nome do Sporting, mandar um abraço ao Rui Duarte, que está a passar a pior coisa na vida de alguém, certamente. A maior parte de nós somos pais. É claro para todos que deve ser a pior coisa por que se pode passar na vida, por isso, um grande abraço e que tenha força para seguir em frente”.

Famalicão e dúvida em relação a Matheus Reis

“Em relação ao jogo temos de pensar nessa maneira pela envolvência que havia depois desse jogo. Os nossos adeptos ficaram stressados nessa altura e a ideia era chegar a este jogo na frente, a  poder aumentar a vantagem. Aconteceu e vai ser um jogo complicado contra uma equipa que não perdeu os últimos 3 jogos, tem um treinador frente a quem não conseguimos ganhar no ano passado.

Vem a habituar-nos a ser um viveiro de bons jogadores, o que dificulta muito o trabalho dos treinadores, lá, porque saem muitos jogadores. Há uma rotação grande, porque o projeto passa pela valorização desses jovens jogadores. Têm muito talento, mas é muita gente nova. Não senti a equipa nada ansiosa. Percebemos é que as sensações que tivemos contra o Gil Vicente, e aquela facilidade que provocámos. Este jogo vai diferente, a equipa do Famalicão é muito mais agressiva. Vamos sentir isso, no jogo.

São muito mais perigosos, no último terço, porque têm uma capacidade física diferente. Não digo que sejam melhores jogadores do que os do Gil Vicente, porque são opções, mas, fisicamente, têm uma capacidade diferente. Têm um jogador que é especial dentro da área e no jogo de cabeça. São fortes nas transições, e conhecemos bem a forma de jogar do Famalicão. Olhámos para os nossos jogos contra o Arouca, e a ideia mantém-se. Tanto podem pressionar alto como ter uma linha de cinco, seis ou sete a defender. Tudo isso vai criar muitos problemas. Estamos à espera de um jogo difícil, que queremos vencer, mas a semana foi tranquila e estamos preparados.

O Reis não está disponível, está a fazer tratamento, vai demorar um bocadinho”.

O que muda neste jogo para o de fevereiro, quando foi suspenso?

“Pela vantagem que têm nesta fase, é diferente. Tem um caráter mais decisivo do que tinha na altura. Havia alguns jogadores do Famalicão, na altura… Iam apresentar-se com uma linha de cinco, nesse jogo. Agora, pode ser diferente. Diria que vai ser uma abordagem parecida, com a equipa do Sporting um bocadinho com mais bola, mas algumas nuances podem mudar, devido às características dos treinadores. Seria difícil vencer, mas estamos preparados.”

A forma como a equipa lidou com o adiamento deste jogo

“Tivemos de pensar dessa maneira, pela envolvência que havia depois desse jogo. Os nossos adeptos ficaram bastante stressados, na altura. Quisemos demonstrar confiança no que estávamos a fazer. Não queria dizer que não dependíamos deste jogo, porque dependemos, mas queríamos chegar já na frente, a poder aumentar a vantagem. Aconteceu, e vai ser um jogo muito complicado, contra uma equipa que, nos últimos três jogos, não perdeu. Tem duas vitórias, empatou no Dragão, com um treinador contra o qual, no ano passado, não conseguimos ganhar. Será um jogo difícil, onde queremos alargar a vantagem”.

Suposto interesse de Debast

“Em relação ao mercado teremos tempo para falar”.

A ansiedade na equipa na reta final

“Não senti a equipa nada ansiosa. O que percebemos é que todas as sensações que tivemos como Gil Vicente, este jogo vai ser diferente. Famalicão é mais agressivo, mais perigoso no últimos terço, têm uma capacidade física diferente. Um jogador dentro da área especial na área, de cabeça, fortes nas transições… Estamos à espera de um jogo difícil, que queremos ganhar, a semana foi tranquila e estamos preparados”.

A gestão do treinador

“A gestão do treinador tem a ver com o contexto e com aquilo que sente do grupo. Às vezes, é preciso levantar, noutras, é preciso meter os jogadores com outra tranquilidade e demonstrar que ainda falta muito. Estamos no meio disso, porque, com o desenrolar do campeonato, o nervosinho antes dos jogos aumenta. Sinto que a equipa quer muito ganhar e sente-se ansiosa, mas, depois, está preparada para receber todas as informações. O jogo de Barcelos foi prova disso. Todos sabiam muito bem os pormenores do jogo, e isso ajudou a vencer. É um equilíbrio entre tudo. Fazemos essa gestão. A ganhar, tudo é mais fácil. A preocupação foi mais no ano passado, de estar no quarto lugar. Relembro que temos feito uma boa época, mas a razão foi o final de campeonato que fizemos, com muitas vitórias. Agora, é mais fácil. Agora, é mais fácil, recebem tudo e querem ganhar. Torna-se mais fácil, nesta fase.”

Reação da equipa ao interesse no seu treinador

“Em relação ao meu futuro, não falei nada com os jogadores, senti essa necessidade quando se falou no acordo, mas como vinha para a conferência. Não me perguntaram nada, só perguntam quando há folgas… Estamos tão perto de algo tão importante que não temos tempo para pensar nisso. Sobre a importância do jogo, sabemos que é possível sermos campeões, mas importante é também a esperança que tiramos aos adversários. Queremos muito ganhar, já estivemos do outro lado, queremos matar as esperanças dos adversários. Todos os jogos são importantes”

Gyokeres não marca há quatro jogos

“Faço como com os outros, vou dando algumas dicas, conversas informais. O que tem de fazer é aproveitar o momento, fez uma época fantástica e não precisa de estar stressado com os golos. Estão sempre à espera de que marque três golos por jogo. Se aproveitar mais o jogo, a bola vem ter com ele e entra na baliza. Ele quer muito marcar, mas tem de aproveitar mais o jogo (…) Quando ele marcava muitos golos, dizia que a equipa não dependia só dele. Fazemos golos mesmo assim, porque ele dá coisas à equipa, tem a mesma influência. A equipa não depende, mas precisa muito dele.

Pouca contestação a Rúben Amorim desde a chegada a Alvalade

“O primeiro fator é porque, no início, a expetativa era muito baixa, e isso ajuda sempre um treinador. Quando entramos com uma expetativa muito baixa e somos campeões na primeira época, dá uma margem muito grande. Mantivemos o nível e lutámos até ao fim pelo segundo campeonato. Aí, sim, tivemos uma quebra muito grande. Se a ordem fosse ao contrário, se o quarto lugar fosse no primeiro ano, eu não estaria aqui. Tenho plena noção disso. A sorte foi sermos campeões no primeiro ano, mantermos o nível no segundo e, no terceiro, quando não ganhámos nenhum título, tínhamos esta margem toda. O facto de a nossa identidade estar bem vincada também ajuda. Os adeptos não sentiram que a equipa está perdida. Simplesmente, não conseguiu ganhar jogos decisivos, mas a identidade esteve lá. Grande parte foi sorte, porque a ordem, se é invertida… Não há nada de mágico. A ordem foi perfeita, e isso ajudou muito, tal como a identidade. Percebe-se que há uma direção e mantivemos o nosso rumo.

Crescimento de Rúben Amorim no Sporting e críticas à chegada

“Essas críticas que me foram feitas ao início são factos, é verdade que tinha pouco tempo como treinador. Também caí num cenário em que tinha o [Hugo] Viana como diretor desportivo, um presidente que confiava em mim… Tudo o que vivi, aqui, tenho a certeza de que não vou viver em mais clube nenhum. Em relação ao crescimento, foi em tudo, não apenas no treinador. Vejo o jogo de forma diferente do que via há quatro anos. Esta evolução não é só do treinador, é de toda a gente. Foi perfeito para alguém como eu, com pouca experiência. Diria que também aí tive sorte”.

Vitória em Famalicão representa Xeque-Mate no título?

“Não vou dizer isso. Ganhando ou perdendo, teria de responder antes dos outros jogos. Se dissesse que acabava o campeonato aqui, teria um problema para falar do jogo com o Vitória. A partir de agora, todos os jogos são decisivos. Ganhando, olhamos para o campeonato com menos um jogo e menos esperança para o adversário. Só quando estivermos com a taça na mão é que será xeque no título. Até lá, temos de olhar para os nossos jogo”.

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