Abel Ferreira esteve esta sexta-feira na conferência de imprensa de antevisão ao encontro de domingo da primeira mão da final do Campeonato Paulista, frente ao Corinthians, e no meio da conversa dirigiu-se diretamente aos jornalistas com uma recomendação, recordando um momento da sua carreira do qual não se orgulha.
“Sempre fui capaz de pedir desculpas. Altero-me nos 90 minutos, vocês viram Paulo Fonseca, em França, Jurgen Klopp disse que teve comportamentos assim, mas que aprendeu no caminho. Eu tenho de mudar, nós temos de mudar e vocês têm de mudar”, começou por dizer.
“Eu entendo que as perguntas mais provocatórias e ‘quentes’ dão cliques. Depois os miúdos vão para a escola e passam os comportamentos. A comunicação social também tem responsabilidade, porque transmite as imagens. O momento em que mais senti vergonha foi no Palmeiras, quando fiz um gesto para indicar que o árbitro não tinha coragem”, prosseguiu.
“Um de vocês jornalistas foi capaz de parar o jogo e recuar nas imagens, para me expulsar. A bola não estava perto de mim. Cheguei a casa e chorei à frente da minha mulher e das minhas filhas. Tenho o direito de errar. Eu não sou os meus comportamentos, sangrei por dentro. Em momento algum agi de forma a ofender o árbitro”, recordou, em alusão ao gesto que fez numa partida frente ao Flamengo, em que agarrou a zona genital para simbolizar que o árbitro não tinha coragem.
“Todos nós temos de melhorar, mas vocês têm de melhorar muito. Se queremos mudar a mentalidade, e não é de um dia para o outro, acredito que jornalistas como tu, que são mais novos, que venham para questionar aos mais velhos se é este tipo de jornalismo que queremos para o futuro. É isso que faço como treinador, ganhar aos mais velhos. É o que espero de vocês”, terminou.